Já faz um bom tempo que, para todos os lugares que olhamos, os homens parecem ter adotado a barba como companheira constante. A moda trouxe consigo uma enxurrada de novos produtos para cuidar dos pelos do rosto – e de barbearias que, em versões “atualizadas”, voltaram a aparecer pela cidade.

Mas o foco aqui não é o estilo. E sim a saúde da pele. Tanto para os adeptos do barbear diário quanto aos que optam por cuidados semanais – ou até mesmo par aqueles que aproveitam a onda para simplesmente deixar a natureza agir –, a maior preocupação deve ser manter a pele saudável. E por não dizer bonita? Afinal, muitos homens hoje já têm atentado para cuidados com aparência que antes pareciam exclusivos das mulheres.

Dois dos maiores vilões aqui são a foliculite ou a chamada pseudofoliculite (popularmente conhecida como “pelo encravado”). A primeira ocorre quando os folículos pilosos – estrutura dérmica que produz o pelo – sofrem uma invasão por bactérias e, por isso, inflamam.

O problema se manifesta na forma de pequenas pústulas (bolinhas de pus), com um pouco de vermelhidão nas bordas e o pelo no centro, coberto pela infecção. Coceira e sensação de dor podem acompanhar o quadro. A raspagem dos pelos não é a única causa – lista-se também o excesso de oleosidade, a umidade e o suor. Mas a região da barba, nos homens, está entre as áreas mais afetadas.

Já no caso da pseudofoliculite, doença que ocorre mais comumente nas pessoas de pele negra, o “pelo encravado” surge porque, ao crescer, ele deve vencer a barreira da pele para se exteriorizar novamente; e muitas vezes não consegue, causando uma inflamação no local de saída do folículo. Novamente aqui, a paspagem dos pelos surge entre as principais causas, nos homens.

Em geral, o tratamento tópico – com cremes secativos (com ou sem antibiótico) e com sabonetes antissépticos – é suficiente para resolver o quadro clínico. Mas é possível evitar que o quadro se instale. Reunimos aqui algumas dicas para que a sua pele, “barbada” ou não, fique protegida das agressões e de problemas que podem surgir nesse procedimento simples, mas que deve levar em consideração alguns cuidados importantes. Veja nosso “passo a passo” para um barbear perfeito.

Ponto de partida – Os especialistas recomendam que o barbear comece pelas laterais do rosto: costeletas, bochechas e maxilar. A pele dessas regiões é menos sensível, por isso podem ser as primeiras a entrarem em contato com a lâmina. O queixo fica por último, uma vez que os pelos aqui demoram mais para “amolecer”. A lâmina não deve ser muito pressionada contra o rosto nem ser passada várias vezes na mesma área – o que aumenta o risco de ferimentos. E atenção: o corte deve acompanhar o sentido de crescimento dos pelos. O movimento contrário, embora possibilite um barbear mais rente, pode render também irritações e pelos encravados.

Barba pós-banho – A higiene facial promovida durante o banho melhora a lubrificação da pele, reduzindo o risco de ferimentos. Além disso, a água morna dilata os poros, o que melhora o barbear.

Lâmina nova sempre – Tentar prolongar a vida útil das lâminas está entre os principais erros na hora de se barbear. Quando gastas, elas podem machucar a pele e provocar cortes, justamente por obrigar movimentos repetitivos sobre a mesma área para a retirada dos pelos – além de ficar com os detritos de pele do barbear anterior, podendo virar um meio para bactérias e fungos. No caso das versões não descartáveis, lembre-se de lavar e enxugar bem o aparelho antes de guarda-lo.

Encare a água fria – Essencial após o barbear. A temperatura mais baixa restabelece a dimensão dos poros que ficaram dilatados com a água morna. Além disso, há uma contração dos vasinhos, evitando sangramentos.

Produtos adequados durante – Ao lado das lâminas gastas, ignorar a necessidade da pele por produtos específicos (para as diferentes regiões ou finalidades) aparece como outro foco de problemas na hora de fazer a barba. Portanto, nada de sabonetes comuns! A espuma que eles fazem causa irritação, ardência e vermelhidão – principalmente em peles mais sensíveis. Opte por uma espuma em gel, creme ou mousse, específicas para esse fim. Esses produtos deixam os pelos mais maleáveis, diminuindo o risco de lesões. E anote aí: a versão em gel é indicada para peles oleosas, o mousse funciona melhor para a pele normal, já o creme vai bem com peles secas e normais.

Uma boa loção depois – Terminado? Então, antes de sair do banheiro, não se esqueça de finalizar o processo com uma boa loção pós-barba. Ela ajuda a fechar os poros (por possuir propriedades adstringentes), alivia irritações provocadas pela lâmina, age como cicatrizante e também hidrata. Mas evite as opções com álcool na composição. Ao contrário do que muitos pensam, essas versões só servem para irritar e ressecar a pele, além de causar ardor.

Cuidados extras

Além de um passo a passo mais consciente na hora de fazer a barba, há outros cuidados que ajudam a pele a passar ilesa por esse processo – que, para muitos, é diário! Confira:

Pele com acne – Pessoas que sofrem com espinhas devem tomar cuidado para não cortar os pontos inflamados, o que favorece a dispersão das bactérias presentes nessas microlesões para outras áreas da pele. A recomendação é deixar as regiões com acne por último e não reutilizar a lâmina que entrou em contato com elas. Nesses casos, é ainda mais importante o uso de uma loção pós-barba com propriedades antissépticas, adstringentes e anti-inflamatórias. Em quadros mais extremos, pode ser necessário o uso de produtos especialmente formulados para essa pele. Consulte seu dermatologista.

Massageie o rosto – Depois de passar seu produto preferido para se barbear, vale fazer movimentos circulares no rosto, de baixo para cima, antes de começar. Essa massagem rápida ajuda a deixar os pelos mais fáceis de serem cortados.

Barbeador elétrico – Opção para quem prefere ganhar tempo, embora sua atuação seja menos eficiente. Esses aparelhos não permitem um corte rente. Mas, por outro lado, são bons para evitar a foliculite ou os pelos encravados. Eles também dispensarem o uso de cremes, géis, mousses ou mesmo água.

Reserve um tempo – Mesmo com um dia a dia corrido, procure separar um tempo diante do espelho para fazer a barba.  O barbear às pressas, e consequentemente sem cuidado, não vai durar muito. Por isso, não deixe esse cuidado para a última hora e evite pular etapas importantes do processo – como a preparação da pele ou a finalização com produtos adequados.

Deixe a pele descansar – Deixar a pele se recuperar é um bom jeito de fazer o barbear durar mais. Retirar os pelos é um hábito que tende a ser naturalmente irritante para a pele, e o processo pode ir ficando mais agressivo a cada barbear, principalmente para quem usa lâminas. O tempo certo quem vai dizer é a própria pele. É importante ficar atento a sinais como irritações, coceiras e inflamações. Se esses sintomas aparecerem, é sinal de que a pele do rosto precisa de mais tempo para se recuperar.