Quando o assunto são cabelos cacheados e crespos, o que vemos hoje em termos de valorização da beleza natural tem a ver com afirmação e celebração das identidades – rompendo com padrões que queiram eleger apenas um conjunto de características como “belo”.

Por isso, as peles étnicas recebem um cuidado todo especial do ponto de vista de suas particularidades e possibilidades de tratamentos e procedimentos. E o mesmo vale para os cabelos. Cachos de diferentes tamanhos, muito volume, pouco volume, tranças, preso, solto. A porta que se abre com a mudança de um paradigma leva um universo de possibilidades e múltiplas belezas.

E como tudo isso tem muito a ver com informação, reunimos aqui alguns conceitos para ajudar a saber tudo sobre esses tipos de cabelos. Suas características, quais os cuidados mais adequados e, claro, nossas dicas para você sempre arrasar no look – do jeito que você quiser.

A textura e a ondulação dos fios se dividem em quatro grupos – do liso ao crespo. Cada grupo é subdividido em categorias que dizem respeito ao tipo de ondulação do cabelo. Quando o assunto é cabelos cacheados e crespos, estamos falando dos grupos 3 e 4, respectivamente. Saber em qual grupo ou subgrupo seu cabelo se encaixa ajuda a encontrar as melhores opções para tratamentos e cuidados diários – lembrando sempre é imprescindível a orientação de um profissional de beleza e de um médico dermatologista (também responsável pela saúde dos fios).

Debaixo dos caracóis…

Estamos no tipo 3, onde a aparência dos cachos se caracteriza pelo volume e por serem mais definidos, uma vez que as ondas vêm desde a raiz. Eles também são mais suscetíveis ao frizz – sobretudo, na presença de umidade.

Mas mesmo com características comuns, esse tipo de cabelo pode ter cachos mais largos e regulares (3A) ou podem ser menores (3B), o que confere mais volume ao cabelo, e com pontas que tendem a ser mais secas, já que a oleosidade natural da raiz tem dificuldade de percorrer todo o comprimento do fio. Há ainda os cacheados com os fios mais grossos (3C), nos quais as voltas das ondas são mais “fechadas” e de aparência espiralizada – e apresentam forte tendência ao ressecamento.

Os principais cuidados dizem respeito a manter a hidratação em dia, a lavá-los com uma frequência que garanta a ação da oleosidade natural vinda do couro cabelo e a ficar de olho na temperatura da água – banhos muitos quentes ressecam o cabelo e a pele.

Veja algumas dicas:

Esse tipo de cabelo tende a sentir mais a falta do sebo natural que protege os cabelos. Mas se lavá-los todos os dias for inevitável, utilize apenas produtos específicos, e massageie o couro cabeludo durante a lavagem para estimular a produção dessa oleosidade protetora.

Depois de lavar seu cabelo, remova o excesso de água com um tecido de algodão macio (pode ser até uma camiseta) – as toalhas absorvem muito a água, o que aumenta o risco de frizz. A maciez do algodão ajudará a suavizar os cachos e a evitar que eles embaracem.

Com os cabelos ainda molhados, aplique um creme para pentear indicado para seus fios. Coloque uma pequena quantidade nas mãos e espalhe.

Procure sempre penteá-los quando ainda estiverem úmidos, para manter a estrutura.

Desembarace-os cuidadosamente, iniciando sempre das pontas até a raiz.

Utilize máscaras hidratantes de tratamento intensivo de acordo com a necessidade (em casa ou no salão).

Informe-se sobre finalizadores com silicone, sobre os diferentes tipos de leave in, reparadores de pontas, sprays intensificadores de brilho, pomadas e mousses. Não existe uma lista única para todos os casos, mas alguns desses produtos podem se tornar seus aliados diários.

Crie, junto com seu cabeleireiro, um cronograma de corte desenhado especialmente para você. Cortar periodicamente as madeixas ajuda a evitar o ressecamento dos fios e a manter os cachos da forma que você mais gosta.

Para cabelos muito secos, procure saber mais sobre a técnica de co-wash – lavar os cabelos com condicionador em vez de xampu. A periodicidade desse tipo de lavagem depende de cada caso.

E um truque para aquele dia em que não deu tempo de lavar os cabelos: faça uma mistura com água e leave-in, passe nas pontas e amasse o cabelo com as mãos. Ajuda a definir os cachos.

Crespos e lindos

O tipo 4 inclui os cabelos crespos, que apresentam cachos bem menores ou, muitas vezes, nem chegam a ser cacheados. Esse tipo de cabelo é naturalmente mais seco, e precisa de muita hidratação para revelar toda a sua beleza. Os cachos pequenos em formato de S (4A), quando penteados, perdem definição e ganham volume porque os fios tendem a ser mais finos e macios.

Sem em padrão de cacho definido, os do grupo 4B são volumosos, densos e têm as mechas tem formato de Z. Além disso, os fios são finos e com tendência ao ressecamento. Ao passo que os muito crespos (4C) trazem “cachinhos” bem pequenos, praticamente imperceptíveis. Esse cabelo é naturalmente armado e seco – e é com ele que fica mais fácil fazer o poderoso penteado black power – que, a partir da década de 1950, transcendeu o campo da beleza para se tornar um símbolo de identidade.

Assim como acontece com os tipos cacheados, é preciso escolher o corte que mais combine com o rosto e, principalmente, respeitar o caimento e a textura dos fios. Os cabeleireiros especializados nessas texturas recomendam, inclusive, o corte a seco, que permite verificar o volume natural e o resultado já ao longo do processo. Para secar (no salão ou em casa), prefira o difusor (para modelar os cachos). Para os cuidados diários…

…veja as dicas:

Se quiser cachos mais definidos, recorra a um ativador de cachos. Tenha sempre o produto por perto e borrife longo do dia quando achar necessário.

O ressecamento natural desse tipo de cabelo pode ser combatido com hidratações semanais. Entre as dicas estão as máscaras de aminoácidos do trigo, de manteiga de carité, com óleo de buriti ou azeite de oliva – converse com seu cabeleireiro para achar a melhor opção para você.

Para os dias em que a ideia é menos volume, espalhe algumas gotinhas de óleo de silicone no cabelo molhado; em seguida, retire o excesso de umidade amassando os fios com uma toalha e use o difusor.

Deixar secar ao natural também está valendo – e, aliás, os fios agradecem esse tempo do secador. Nesse caso, só espalhe o leave in “disciplinador” de cachos no cabelo úmido.

No salão, pergunte pela hidratação com queratina vaporizada ou máscara de chocolate. Os crespos ficam suaves.

Preserve a oleosidade natural: antes da lavagem, passe um pouco de óleo de silicone a partir de dois dedos da raiz. Depois, use normalmente sua dupla de xampu e condicionador preferida.

Quando não for lavar o cabelo, proteja dos fios da umidade no banho para evitar o frizz com uma touca plástica.

E encontre um pente de madeira para chamar de seu – e desembarace os fios ainda úmidos.

Se o seu crespo é bem fechado, experimente as esponjas capilares – que têm buraquinhos na superfície para formar os cachos. Para fazer um penteado afro, use o garfo capilar.

E a química?

Em geral, os produtos químicos – seja para alisamentos, relaxamentos ou colorações – têm a função de abrir a cutícula (camada externa) do fio, a fim de conseguirem penetrar no córtex (“coração” do cabelo) e, assim, promover a modificação desejada.

Por sua própria natureza, esse é sempre um processo que exige cuidado e muita experiência por parte do profissional de beleza. As químicas podem causar um desgaste da haste capilar, já que são retirados todos os nutrientes do fio – como água, óleo e a queratina.

Todos os tipos de fios sofrem com a ação desses produtos. Mas, por serem mais sensíveis, os crespos sentem ainda mais esses efeitos colaterais – entre outros motivos, pelo fato de que quando mais fina fica a haste, maior é a propensão à quebra.

Sendo assim, submeter os cabelos crespos – ou com estruturas mais fechadas de cachos – requer cuidados redobrados. Veja alguns deles:

Antes da mudança – Investigue se há a necessidade de promover uma reconstrução antes de aplicar o produto escolhido. Se os seus fios estiverem muito danificados, vale repensar e adiar a aplicação da química até conseguir recuperá-los. Uma nova cor ou a nova textura não dão vida nova aos cabelos. São os cuidados diários que garantem isso.

De preferência, uma por vez – Juntar dois procedimentos químicos no cabelo ao mesmo tempo não é uma prática recomendável, sobretudo para os cabelos crespos. Por isso, os profissionais costumam recomendar um intervalo entre as aplicações, que varia conforme a intensidade e a potência do produto e da técnica em questão.

Cuide bem depois – Cabelos com química são sinônimo de cuidados intensificados. Como a haste fica mais frágil, as lavagens devem primar pela suavidade (lavando o couro cabeludo com a ponta dos dedos, fazendo massagem de baixo para cima) e os produtos precisam ser adequados: xampus e condicionadores devem ser especialmente formulados para cabelos com química.

Hidratação sempre – Ela é o segredo para a beleza e a saúde de todos os tipos de cabelos. O primeiro passo é escolher um bom creme de tratamento. O mais indicado é pedir ajuda ao seu cabeleireiro, mas segue uma dica: hidratantes que tenham agentes reconstrutores, consistência firme e que promovam uma hidratação profunda.

Vá de máscara – Para escolher uma máscara adequada, é preciso verificar a consistência. As mais firmes têm melhor poder de hidratação. Dê preferência às que contém de dois a três agentes hidratantes ou reconstrutores. A lista desse tipo de substância é grande: queratina, aminoácidos, germe de trigo, argan, macadâmia, óleo de coco. Conte com a orientação de um profissional para escolher.

Vale saber

A pele negra é especialmente suscetível ao surgimento de uma doença conhecida como alopecia, caracterizada pela redução parcial ou total de pelos ou cabelos numa área de pele

É chamada alopecia uma doença de pele que provoca a redução parcial ou total de pelos ou cabelos na área onde se manifesta.

Existem tipos diferentes de alopecia, umas são cicatriciais, outras não. As causas passam por deficiências hormonais e genéticas, imunodeficiências, alimentação inadequada e falta de vitaminas e outros oligoelementos – conjunto de elementos químicos inorgânicos responsáveis por desempenhar diversas funções metabólicas no organismo. Algumas são mais peculiares em certas etnias e costumes, caso da alopecia fibrosante frontal e da alopecia de tração.

A primeira, de natureza progressiva e mais frequente nas mulheres com média de idade de 66 anos, apresenta um recesso simétrico dos fios nas margens frontal e temporal. A pele afetada apresenta-se pálida e atrófica, com ausência dos orifícios foliculares.

Já a alopecia de tração, também com notada incidência em mulheres negras, é uma forma diferente de queda, uma vez que está relacionada ao hábito de prender o cabelo com muita força (tensão prolongada). O problema pode ocorrer na ausência de fibras elásticas para ancorar os folículos pilosos, especialmente na parte de trás e laterais da cabeça. É preciso tratar a tempo, pois a falta de cabelo nessas áreas pode se tornar irreversível.

Tratamento – Nos quadros de alopecia fibrosante frontal, a perda dos fios é irreversível. O tratamento deve, então, ser orientado com o objetivo de evitar o progresso da doença. Já na alopecia de tração, o ideal interromper a causa extrínseca – ou seja, a tração intensa à qual os cabelos são submetidos.

Em seguida, o médico dermatologista deve avaliar os danos sofridos. As indicações incluem hidratar os cabelos quebradiços, fortificando a queratina, e aplicar loção com princípios ativos que favoreçam o crescimento de novos fios. Se o quadro for muito grave ou intenso, há necessidade de medicação oral e sessões de mesoterapia capilar e luz de LED para auxiliar numa resposta terapêutica mais rápida.

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