Inverno e ressecamento da pele – A capacidade da pele para regular a hidratação – ou seja, a concentração de líquidos nas camadas superiores – depende de três fatores fundamentais, e que ocorrem em diferentes profundidades dentro da pele.

Nas camadas mais profundas, várias moléculas higroscópicas (que absorvem água do ambiente), sais e aminoácidos atraem e fixam grandes quantidades de água. Já os lipídios presentes na chamada  barreira lipídica da pele executam a função vital de reduzir a perda de água por evaporação. Por fim, nas camadas mais profundas, a pele possui uma rede de hidratação que transporta água por meio das aquaporinas – canais formados por proteínas especiais que atravessam a membrana celular e conduzem seletivamente as moléculas de água para dentro e fora da célula.

Este sistema se adapta às exigências de hidratação da pele, mantendo uma concentração adequada de água num ambiente variável. No entanto, alguns fatores internos e externos podem comprometer o funcionamento dessa dinâmica, levando ao ressecamento da pele. É o que chamamos de xerose cutânea.

O termo médico é usado para designar a pele seca numa perspectiva patológica, ou seja, quando esse ressecamento pode configurar uma doença da pele. Esse distúrbio pode ser decorrente do envelhecimento (quando chamamos xerose senil) ou mesmo por doenças subjacentes, como o diabetes. O resultado é uma pele seca, áspera e tensa, mas que pode ainda progredir para um quadro de aspereza aguda, levando, em alguns casos, à descamação.

Banhos muito quentes e outros fatores de ressecamento da pele

Entre os fatores externos que podem levar a quadros de xerose cutânea está a baixa umidade do ar, uma das características do inverno. Por isso, os médicos dermatologistas são unânimes em alertar sobre cuidados especiais com a pele nessa época do ano, a fim de evitar doenças típicas da estação como essa.

Ainda relacionado às temperaturas mais baixas, alguns hábitos comuns também podem levar ao problema. Como, por exemplo, banhos muito quentes e demorados. Mesmo sendo quase irresistível a ideia de um chuveiro bem quentinho num dia frio, o recomendável é não exagerar. A água morna (em torno dos 25ºC) é a melhor amiga da pele – já que, quando muito quente, ela tende a remover a camada de gordura natural (aquela barreira lipídica que reduz a perda de água por evaporação).

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Mas há outros fatores extrínsecos que também devem ser observados. Entre eles, aparece a limpeza excessiva da pele. Se por um lado, a higienização adequada da pele é fundamental para manter sua saúde e beleza; por outro, é preciso atentar para o equilíbrio nesse cuidado. Quando muito frequente, a limpeza também causa a destruição da barreira protetora natural – o que ocorre, sobretudo, com o uso de produtos mais agressivos à pele e sua estrutura lipídica.

A luz solar é outro fator que pode causar o ressecamento cutâneo, uma vez que os raios UV aumentam o índice de evaporação de água na pele. A longo prazo, a exposição excessiva (e/ou sem proteção) ao sol pode causar o envelhecimento precoce, afetando a capacidade da pele em manter a hidratação adequada. Por isso, segue a recomendação de sempre da Dra. Luciana Maluf: fotoproteção mesmo nos dias de frio ou nublados.

E como o assunto é hidratação, vale a atenção de levar esse cuidado para todo o organismo, não apenas a pele. Um corpo desidratado não dispõe de recursos suficientes para fornecer água à derme. Por isso, se manter hidratado é essencial também do ponto de vista dermatológico.

O que você precisa saber sobre os hidratantes

A indústria cosmética oferece diferentes fórmulas, produtos com atuações combinadas e até mesmo apresentações diferentes para essa ação hidratante (cremes, séruns, géis…) – ou seja, opções não faltam.

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No entanto, é preciso atenção na hora de escolher a versão certa para você – e claro que isso tem a ver com seu tipo de pele. Hidratantes não são todos iguais. Eles combinam diferentes modos de ação – como a umectante, por exemplo, que hidrata retendo água nas camadas superficiais da pele; a hidratação ativa, que promete agir mais profundamente; e a oclusão, que forma uma barreira protetora, impedindo a perda de água e da oleosidade natural da pele.

Um bom hidratante deve combinar mais de uma ação. Mas o hidratante ideal é aquele indicado para a sua pele. Por isso, não deixe de consultar seu médico dermatologista para garantir que você escolheu bem. Caso contrário, além de não conseguir o resultado esperado, ainda é possível criar um novo problema.

As substâncias usadas com a finalidade de evitar a perda de água são denominadas umectantes ou emolientes. E um dos umectantes mais usados nos hidratantes para a pele é a glicerina – também conhecida como glicerol.

Confira algumas indicações de bons produtos de acordo com o tipo da pele:

Pele seca – No que diz respeito à hidratação, esse é o tipo mais sensível. O creme hidratante ideal para essa pele deve ser rico em antioxidantes – como as vitaminas A, C e E. Ele pode também ser um pouco mais “oleoso” e concentrado.

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Pele oleosa – Com maior produção de gordura, essa pele tem também propensão à acne. Mas nada disso a desobriga de se manter devidamente hidratada – excesso de oleosidade e hidratação são coisas diferentes. As melhores versões aqui são os produtos em gel ou oil free/oil control.

Pele mista – Essa é aquela que, em geral, apresenta oleosidade apenas na chamada zona T (queixo, nariz e testa), enquanto as bochechas podem até ser mais ressecadas. Por isso, a palavra aqui é equilíbrio: um produto que hidrate a área ressecada sem aumentar a oleosidade da região mais crítica. Opções: hidratante em gel ou gel creme (sem óleos).

Pele normal – Caracterizada pelo equilíbrio hídrico e sebáceo, essa pele também precisa ser hidratada para manter essa característica. Boas indicações são loções com base aquosa ou os séruns, que hidratam interferindo o mínimo possível no equilíbrio natural da pele. A ureia aparece como bom componente para esse tipo de pele.