Saúde física e mental andam lado a lado, e novas evidências surgem a cada dia mostrando que não há cura do corpo sem buscarmos um equilíbrio na mente. Nosso córtex controla tudo, e é nele que devemos pensar antes – ou ao mesmo tempo – de cuidar de nossas queixas de saúde.

Além das doenças imunológicas, gastrointestinais e outras tantas, as doenças de pele também entram no radar quando falamos deste tema não tão novo, mas cada dia mais urgente para médicos e pacientes: a Medicina Integrativa, que agora avança através de pesquisas ainda mais modernas no espectro da dermatologia.

Psiconeuroimunologia

A psiconeuroimunologia, estudo que analisa as interações entre o nosso comportamento e os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, vem mostrando, desde a década de 1970, várias evidências de que a mente e o corpo estão em interação permanente por meio de alterações elétricas do cérebro, geradas por pensamentos e por comunicadores químicos desses sistemas e seus receptores celulares. Em outras palavras, ela nos mostra os efeitos dos impulsos cerebrais negativos na saúde do corpo e da pele, e vai mais longe. Ela aponta o acompanhamento psicológico como parte fundamental do sucesso dos tratamentos nestes casos e nos mostram um fato ainda mais delicado: o estresse prejudica a renovação do DNA, uma possível evidência de que a tensão poderia influir na incidência do câncer.

Uma evidência percebida por mim e por muitos colegas dermatologistas cotidianamente, é de que doenças da pele no geral, tendem a criar ansiedade, preocupação, vergonha, sentimentos de rejeição e outras emoções negativas, e podem ser agravadas por essas tais tensões psicológicas. Com a prática da clínica geral somada a experiência na dermatologia, acredito que qualquer tratamento deve olhar para o indivíduo como um todo, tanto de dentro para fora, analisando outros aspectos físicos que não as manifestações de pele, como psicológicos. Utilizar recursos complementares para reduzir o estresse e aumentar a eficiência dos tratamentos pode parecer óbvio para alguns, mas ainda temos uma defasagem grande deste tipo de atendimento nas clínicas e consultórios.

Estudos procuraram buscar mais explicações para esses fatos evidentes, pois sempre foi óbvio que as emoções se acompanham de processos fisiológicos, e pior o ciclo pode ser vicioso: doenças, como as infecções agudas, apresentam causas quase inteiramente físicas e podem ser tratadas apenas na parte física; no entanto, a maior parte das doenças, as crônicas principalmente, têm efeitos psicológicos. E se a doença física perturba as emoções e os desequilíbrios psicológicos, por sua vez, têm conseqüências físicas, os efeitos podem ser intermináveis. Os desequilíbrios da mente causam tensão ao coração e aos nervos, e enfraquecem o corpo físico.

Estresse, “o mal do século XXI”

Mas não é apenas a mente que pode gerar estresse. Seja ele físico, ambiental ou psicológico, essa emoção negativa, já conhecida como “o mal do século XXI”, desencadeia uma série de reações hoje bem conhecidas como taquicardia, diminuição do tônus muscular e da temperatura do corpo, formação de úlceras gástricas e intestinais, edemas, hiper e hipoglicemia, aumento de adrenalina e do colesterol no sangue, e até quadros mais graves como aumento da tensão arterial e do ácido úrico, entre outras. Já o papel do estresse emocional, aquele originado pela percepção das pessoas sobre os fatos, já pode ser analisada como um dos componentes de qualquer doença, não só daquelas designadas como ‘psicossomáticas’.

Como qualquer outro órgão, a pele recebe o impacto do estresse e das emoções negativas, o que se manifesta por uma série de alterações. As mais conhecidas delas são o aumento da sudorese e a vasoconstrição ou vasodilatação periféricas, conhecida como rosácea, além de queda de cabelo e coceiras. Todas essas complexas relações de nervos, células da pele e células de imunidade, neurotransmissores, hormônios e mais, indicam uma ligação ainda mais sensível entre mente e pele, deixam mais claros os mecanismos das alterações da pele.

Com essas informações, esperamos entender melhor como um fato mental, como um estresse, pode virar um sintoma na pele, e também, como mencionei antes, como a alterações da pele podem gerar ansiedade. Mas vale lembrar que todas essas situações são inteiramente individuais, não havendo padrão nem regra. O regime alimentar do paciente, sua atividade física, o ritmo de sua vida, sua satisfação no trabalho, seu círculo de relacionamentos, sua crença religiosa, tudo deve ser levado em consideração, porque em cada setor da vida qualquer desajuste gera estresse e afeta o nosso corpo e a nossa pele.

 

Começamos o ano em busca de mais equilíbrio, mas não vamos esquecer desta missão no resto do ano, não é mesmo!

Na próxima segunda-feira a nova clínica está aberta e a todo vapor.

Feliz 2017!!!

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