Peles étnicas – A história do Brasil e de alguns povos asiáticos começou a se cruzar há mais de um século. Desde a primeira onda migratória de japoneses para cá, ainda no início do século 20. Essa relação ajudou a formar nossa cultura – assim como aconteceu com a influência dos italianos, dos espanhóis e dos alemães – e o resultado é que hoje somos todos brasileiros.
Dados do Censo 2010, o mais recente realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que 2,084 milhões de residentes no país se declaram “de cor ou raça amarela”, um aumento de 1,322 milhão de habitantes em relação ao levantamento anterior, feito no ano 2000.
E o que a dermatologia tem a ver com isso? Muito! Por conta da miscigenação, as peles brasileiras apresentam hoje, como já falamos em outras matérias – confira aqui nossa matéria sobre peles étnicas –, uma escala de cores com 144 tonalidades diferentes. E metade dos brasileiros tem o que se pode chamar de uma “cor mista”.
Principais características
O tom das peles pode ser a particularidade que os olhos enxergam primeiro, mas ela não é única. Existe um universo de características que tornam os diferentes tipos, dentro de cada grupo étnico, únicos do ponto de vista dos cuidados e tratamentos. E quanto mais soubermos sobre elas, melhor conseguimos diagnosticar problemas e orientar quanto aos melhores procedimentos.
No que toca as características mais comuns da pele asiática, é possível listar uma menor proteção natural (dada a baixa produção de melanina), além da maior propensão à perda de água transepidérmica e ao surgimento de manchas. Por outro lado, é uma pele mais resistente ao aparecimento dos sinais do tempo – as rugas na região da testa costumam aparecer nas orientais por volta dos 37 anos de idade, enquanto as linhas de expressão surgem por volta dos 42. Já o baixo nível de hidratação natural, causa do alto ressecamento, é o responsável pelo tom mais “pálido”.
Problemas mais comuns
Além do ressecamento, existem outros problemas e doenças de pele que tendem a aparecer com maior frequência nas peles de origem asiática. Conheça os mais frequentes – mas não se preocupe, já vamos “pular” para os tratamentos (que são muito e apresentam ótimos resultados!).
Dermatite atópica – Forma mais comum de eczema, essa reação alérgica afeta cerca de 10 a 20% das crianças e 1 a 3% dos adultos. A pele afetada pode apresentar erupções que se caracterizam pela secura, vermelhidão, descamação com inflamação, irritação e coceira. Surgem comumente nas dobras dos braços, na parte de trás dos joelhos e no pescoço. As pessoas com dermatite atópica muitas vezes têm uma história familiar de alergias, como asma ou rinite alérgica.
Pitiríase alba – São manchas brancas e levemente ásperas com descamação fina. A causa é desconhecida, mas sabe-se que o problema afeta pessoas alérgicas, e evoluem para manchas hipocrômicas, com pouca ou nenhuma pigmentação, na face, braços e tronco. Em geral, estão relacionadas com o ressecamento da pele.
Xerose cutânea – Esse é termo médico usado para designar a pele seca – ou seja, falta de água na pele. O problema pode ser decorrente do envelhecimento (a xerose senil) e também por doenças subjacentes como diabetes. Além do ressecamento, outras características da pele com xerose cutânea é a textura áspera e tensa, que pode progredir até descamar ou descascar.
Melanoses e melasma – As manchas na pele podem acontecer desde o nascimento ou surgem ao longo da vida. Muita exposição ao sol, envelhecimento da pele, alergias e mesmo câncer estão entre os fatores que causam manchas. As melanoses, também conhecidas como “manchas senis”, aparecem em pessoas mais velhas e são resultado, basicamente, da ação do sol ao longo dos anos. As peles étnicas, entre elas a asiática, têm maior tendência genética para apresentar o problema.
Tratamentos
As manchas estão entre as maiores reclamações nas pacientes de origem asiática que visitam a Clínica Luciana Maluf. Tanto as que surgem após a acne ou traumas quanto o melasma, ou ainda a hiperpigmentação pós-inflamatória, merecem cuidados especiais para essa pele.
Saiba mais sofre acne (causas e tratamentos) aqui – e confira também nosso conteúdo sobre acne na idade adulta.
Mas é possível lançar mão de alguns tratamentos dermatológicos que ajudam a amenizar, ou mesmo eliminar, o problema. Entre os mais indicados está a técnica combinada microagulhamento + drug delivery que, nesse caso, é feita com substâncias clareadoras. O procedimento, além de melhorar as manchas e o melasma, também ajuda a fechar os poros, dando viço e deixando a pele mais bonita, brilhante e saudável.
Diferentemente do que acontece, por exemplo, com o uso do laser de CO2 – de atuação naturalmente mais intensa –, a combinação entre microagulhamento e drug delivery apresenta menor risco de indução da hiperpigmentação. O que torna a técnica mais adequada para esses casos.
Além disso, após a completa recuperação da pele – o que leva, em média, de três a cinco dias –, é possível retornar ao consultório para a realização de uma hidratação profunda, superimportante para esse tipo de pele e que é feita, ao mesmo tempo, com agentes clareadores.
Por conta dessa “facilidade” em manchar, os tratamentos voltados às peles asiáticas precisam seguir um ritmo em que cada sessão tem intensidade de moderada à leve. Os resultados vão surgindo aos poucos, potencializados por um maior número de sessões.
Cuidados diários
Assim como ocorre com a pele negra, a asiática tem maior proteção natural contra os raios ultravioleta. Mas nem por isso, a fotoproteção deixa de ser importante. A dica é sempre investir em um filtro solar com alto fator de proteção.
Se a quantidade de glândulas sebáceas faz com que as asiáticas não desenvolvam muita acne durante a adolescência, o número reduzido dessas glândulas também leva ao problema da desidratação da pele – que se agrava ainda mais com a com a chegada da idade. Por isso, outro companheiro inseparável dessa pele é o hidratante. Escolha um que combine com seu tipo de pele – ou peça ajuda a seu médico dermatologista para encontrar a versão que ganhará lugar cativo no nécessaire.