Beleza emocional – Lembram quando um restaurante “natureba” era considerado alternativo? Ou que se preocupar com a composição química do desodorante parecia quase que uma excentricidade? Pois é, essa época parece estar dizendo adeus – e abrindo espaço para demandas por parte dos consumidores que dizem respeito a fatores mais “subjetivos”, além de preço bom e qualidade. Confira nossas matérias sobre parabenos e sobre produtos veganos e naturais.

O bem-estar entrou na pauta do dia com o status de filosofia de vida. A crescente busca por uma alimentação mais saudável, prática de atividades físicas e a chegada do movimento “slow” – que prevê a desaceleração do ritmo e tira atividades do piloto automático (na contramão do fast food e do corre-corre até para encontrar os amigos), têm provocado mudanças em vários segmentos da indústria e do setor de serviços.

Um dos mais novos capítulos dessa história está sendo escrito na área da cosmética. Segundo o estudo “Beleza Emocional – A Indústria da Beleza Alcança a Epidemia da Saúde Mental, Oferecendo Consolo e Soluções”, realizado pela agência internacional de previsão e análise de tendências WGSN, as empresas da indústria da beleza começam a agregar outros valores a seus produtos, para além de suas atuações originais (tratar a pele, colorir, perfumar…). Um movimento que até já tem nome: “beleza emocional”. E cuja proposta é estimular as pessoas a dedicarem mais tempo (e mais recursos) à busca pela felicidade também na hora de cuidar do corpo, da pele e dos cabelos.

Modismo? Pode ser, mas uma coisa parece fazer bastante sentido: reservar mais tempo para nós mesmos é uma boa receita para recobrar a calma e equilíbrio – difíceis de manter ao sermos constantemente intimados a matar um leão por dia.

Analisando os produtos criados e divulgados para serem aliados nesses momentos de pausa, é possível detectar duas vertentes: a de novos cosméticos – elaborados, segundo os fabricantes, para apresentarem essas funções (estimulo a determinados estados de espírito ou influência direta na produção de alguns hormônios) – e a de opções tradicionais, mas que agora ganham novo fôlego em rituais de beleza pautados pela desaceleração – caso dos chamados produtos “do it yourself”, ou seja: faça você mesmo, aproveitando seu tempo e imprimindo mais consciência a cada etapa.

Em comum, ambos exigem etapas que passam por preparações mais cuidadosas e aplicações sem pressa, acompanhada de automassagens, por exemplo. Esses rituais mais longos e detalhados, em si, já podem funcionar como uma espécie de terapia.

Proteção e equilíbrio

A fuga dos riscos nocivos que a poluição também traz à pele (veja mais sobre essa relação aqui) levou a The Body Shop a criar uma linha de óleos que prometem proteger a derme de agentes poluentes: a Drops of Youth. Além de ajudar a prevenir a perda de água, os frasquinhos também prometem ajuda para alcançar uma pele rejuvenescida, proporcionando uma sensação de conforto.

E por falar em óleos – e muito se está falando neles hoje –, essas essências viraram febre justamente por promover o bem-estar. A novidade da vez é o formato roll-on, com mix específicos para acalmar, melhorar o humor, entre outros estados de espírito positivos. Ainda não existem versões nacionais, mas marcas estrangeiras podem ser encontradas em e-commerces especializados.

Aliás, cosméticos com o objetivo de mudar e controlar o humor são outra aposta da beleza emocional. É essa a intenção do instituto de pesquisas dinamarquês Happiness Institute (literalmente, instituto da felicidade) ao criar a linha de balms Oh Yeahh! A fórmula com kiwi, coco e griffonia simplicifolia (uma planta africana que trata desordens de humor) promete aumentar em 2,8 vezes os níveis de serotonina, conhecido como hormônio do bom humor. O produto, por enquanto, é importado e pode ser encontrado em seu site oficial.

Muitos desses produtos utilizam os princípios da aromaterapia, segundo a qual as fragrâncias têm funções bastante específicas, como baixar o cortisol (hormônio do estresse) ou estimular a serotonina. A ideia, de acordo com os especialistas na área, é fazer com que os componentes aromáticos entrem no sistema límbico e, ao serem “reconhecidos” pelo organismo, promovem o equilíbrio. Nessa lógica, temos a lavanda como agente calmante, os perfumes cítricos como estimulantes e o cedro dando uma forcinha para momentos de introspecção.

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