A complexidade dos mistérios da fauna e da flora da floresta amazônica é fascinante. A indústria farmacêutica busca avidamente novos princípios ativos nessa biodiversidade e os pesquisadores da dermatologia cosmética já atestaram a eficácia clínica de diversas matérias-primas encontradas na Amazônia
A procura internacional é crescente para produtos cosméticos produzidos à base de andiroba, copaíba, pracaxí, muru-muru, maracujá, cupuaçu, açaí, buriti, castanha-do-pará entre outros tantos frutos da floresta. Pequenas indústrias locais exploram essa riqueza, produzindo cosméticos para corpo e face, além de perfumes, sais de banho, sabonetes e até maquiagem e velas perfumadas. Grande parte dessa produção tem como destino o mercado europeu e americano.
São muitas as opções de produtos e fabricantes, muitos deles prometem ser orgânicos e absolutamente respeitadores da ecologia amazônica. Antes de escolher um produto, é preciso ter uma boa conversa com o médico dermatologista para saber quais desses cosméticos podem ser benéficos e quais os mais indicados para cada tipo de pele. Muitos dos princípios ativos amazônicos estão disponíveis para serem agregados a uma fórmula indicada pelo médico dermatologista, portanto uma boa conversa vem primeiro.
A lista é grande, mas seguem alguns exemplos desses produtos e seus benefícios cosméticos:
Óleo de ANDIROBA (Carapas guianensis): tem propriedades emolientes, é antisséptico, cicatrizante, anti-inflamatório. Amacia a pele e também atua como preventivo da celulite.
Óleo de BURITI (Mauritia venifera): Tem ação antioxidante. Rico em caroteno possui uma quantidade significativa de provitamina A, alivia as dores das queimaduras, revitaliza e nutre a pele cansada. Também aumenta a elasticidade da pele e a hidratação da pele exposta ao sol.
Óleo de CASTANHA DO PARÁ (Bertholletia excelsa H. B. K.): possui em sua composição vitaminas lipossolúveis como a vitamina A e E, indispensáveis para a proteção da pele, evitando o envelhecimento e aparecimento de rugas e flacidez. Com propriedades emolientes e hidratantes, forma uma película protetora, impedindo a evaporação hídrica da pele.
Óleo de COPAÍBA (Copaífera officinalis. Jacq.): poderoso antibiótico e anti-inflamatório. Tem propriedades curativas, regeneradoras, nutritivas e tônicas. Regula a oleosidade da pele, deixando-a macia e saudável. Age também como regenerador de tecidos, emoliente, antisséptico, cicatrizante e fungicida. Auxilia no combate a infecções da pele.
Óleo de PRACAXI (Pentaclethra filamentosa): nas favas desta leguminosa encontram-se sementes que produzem um óleo que é um poderoso cicatrizante dermatológico e também auxilia na hidratação e na renovação celular. É muito utilizado após cesarianas e outras cirurgias. Ajuda a combater a erisipela, estrias e manchas na pele.
Manteiga de CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum): é muito hidratante, graças a sua alta capacidade de absorção hídrica – duas vezes maior que a lanolina – possibilita a recuperação da umidade natural dos tecidos cutâneos. Age sobre a pele formando um filme protetor que impede a evaporação da água, promovendo maior hidratação e maciez. Contém fitoesteróides repositores da barreira lipídica da pele, aumentando a lubrificação também.
Manteiga de MURU-MURU (Astrocarium murumuru): produto rico em ácidos graxos que contribuem para regular o equilíbrio hídrico e a atividade dos lipídeos da camada superficial da pele. Promove nutrição, emoliência (maciez) e hidratação à pele e ao cabelo.
Manteiga de UCUÚBA (Virola sebifera): tem uma coloração marrom escuro e odor amadeirado. É anti-inflamatória, cicatrizante, revitalizante e antisséptica. Ideal para a pele que necessita de rápida cicatrização, como a pele oleosa e acnéica. É um poderoso renovador celular.
Mel e derivados: são as matérias-primas tradicionalmente utilizadas na produção de cosméticos naturais e à base de produtos naturais. O mel é rico em minerais e vitaminas (principalmente a vitamina C), que tem comprovação científica como fotoprotetores e como regeneradores da pele, portanto são bem indicados para peles envelhecidas e acnéicas.
Sobre a este assunto, a doutora Luciana Maluf, médica dermatologista, observa:
“No geral, os óleos e as manteigas formam um filme oclusivo na pele que retarda a perda de água, mantendo a hidratação pré-existente.
No Brasil, o mercado de produtos cosméticos possibilita ao médico dermatologista prescrever e indicar hidratantes prontos ou compor fórmulas, juntando princípios ativos que se completam e proporcionam uma hidratação individualizada ao paciente.
Por exemplo, num mesmo produto podemos associar um ou dois óleos (fazem hidratação por oclusão, formam uma película sobre a pele), o componente PCA-Na ou o ácido hialurônico (hidratantes umectantes retém água sobre a pele) e algum silício orgânico, que reforça a membrana celular, tornando-a mais resistente aos ataques dos radicais livres. Isso tudo compõe um único creme hidratante, onde podemos acrescentar uma essência que agrade o paciente.
Há muitos princípios ativos no mercado, possibilitando inúmeras formulações de hidratantes. E também há a possibilidade de selecionar o veículo adequado, como o creme (mais pegajoso e mais difícil de espalhar na pele), a loção (mais líquida e de fácil aplicação), o gel (causa uma sensação de frescor por ter temperatura mais “fria”), entre muitos outros”.
