Nossa sociedade tem uma relação, digamos, não muito pacífica com o envelhecimento. Todos os dias lemos “novidades” que prometem desacelerar – ou até mesmo reverter – a chegada da idade e as transformações físicas que ela traz.
Claro que a inteligência humana e suas incríveis descobertas podem (e devem) ser usadas para aumentar nossa qualidade de vida e autoestima em qualquer momento da vida – haja visto todas as contribuições importantes que a dermatologia clínica e estética pode trazer. Mas o processo de envelhecimento é contínuo e inevitável – seja do ponto de vista anatômico, cardiovascular, digestivo, imunológico ou metabólico.
E a pele, o maior órgão do corpo humano, também sofre mudanças de características com o passar dos anos – é o que chamamos de envelhecimento intrínseco: aquele que ocorre naturalmente com a passagem do tempo.
Essas mudanças se dão para além do que os olhos conseguem ver, alterando as três camadas da pele: epiderme, derme e hipoderme.
Na primeira, a camada mais externa, passamos a perceber o surgimento de manchas, possível alteração de cor (mais amarelada) e mudança também na textura, que vai ficando mais áspera e ganhado um aspecto translúcido. O que ocorre porque a renovação celular diminui com a idade.
A camada intermediária (derme), que sustenta a pele, sofre uma atrofia pela destruição das fibras colágenas e fibras elásticas. É quando surgem as rugas mais profundas.
E, por fim, na camada interna (hipoderme) – formada basicamente por células de gordura e cujas funções são unir a derme ao corpo e fazer a manutenção da temperatura corporal – a tendência é de diminuição da espessura.
Nova fase, novas rotinas
A pele do idoso apresenta uma menor atividade das glândulas produtoras de sebo e de suor, por isso tende a ser mais ressecada e desidratada. Além disso, a menor atividade de células produtoras de colágeno e elastina, as fibras que dão firmeza e sustentação à pele, a deixam mais fina, flácida e com sulcos, linhas de expressão e rugas.
Outro fator comum nessa fase é a diminuição da atividade imunológica, que torna a pele mais suscetível a infecções como micoses, viroses e herpes (do tipo simples e a chamada zoster – causada por infecção viral, capaz de provocar bolhas). O câncer de pele também aparece como risco por conta do acúmulo de exposição ao sol. Por esses motivos, é maior a necessidade de uma observação cuidadosa em caso de lesões persistentes, que não cicatrizam. Elas devem ser examinadas por um especialista para descartar ou confirmar esses diagnósticos.
Entre os cuidados diários com a pele nessa fase da vida, as recomendações incluem banhos mornos (com sabonetes delicados e que não façam tanta espuma) e hidratação constate – ou seja, algo bem parecido com o que sempre recomendamos em nossas matérias sobre a saúde da pele, não é? Veja conteúdo sobre pele e banho e hidratação aqui.
Dependendo da característica da pele – que deve sempre ser respeitada, não importa a idade –, é possível utilizar hidratantes a base de glicerina, ureia ou mesmo alguns mais sofisticados, que contêm as gorduras normalmente encontradas na pele humana. Isso ajuda a manter a hidratação e evita a coceira decorrente da espessura mais fina e a textura seca.
A hidratação ganha destaque aqui por também ser uma forma de ajudar a aumentar a resistência da pele a infecções oportunistas, dado o fato de que uma pele hidratada sofre menos com traumas e microlesões que facilitam a penetração de agentes infecciosos.
Pele e menopausa
A menopausa, conjunto de transformações e reações comuns no processo de envelhecimento feminino, também implica em mudanças na pele.
O período fisiológico se dá após a última menstruação espontânea, fase em que a secreção hormonal dos ovários é interrompida – em média, por volta dos 45/50 anos. Com a queda gradativa dos hormônios estrogênio e progesterona, a pele fica mais ressecada, há perda das fibras elásticas e de colágeno. O que provoca uma “baixa” na elasticidade e no tônus, levando à flacidez.
A prevenção e o combate ao problema está na fotoproteção, uma vez que a radiação é uma grande vilã também no processo do envelhecimento da pele. O ideal é fazer do protetor com FPS 30, no mínimo, uma companhia constante, com reaplicações durante todo o dia.
Para evitar o ressecamento cutâneo, comum nesta fase, o hidratante também é indispensável. Uma dica é buscar informações sobre os dermocosméticos que tenham propriedades antioxidantes, que estimulan a produção de colágeno e que também nutrem.
A dermatologia estética entra como grande aliada para a melhoria do aspecto da pele – representando uma importante conquista para a autoestima. Procedimentos como o preenchimento com ácido hialurônico, tratamentos com laser de CO2 e luz pulsada, realização de peelings e aplicação de toxina botulínica estão entre as possíveis indicações. Mas vale sempre consultar um médico dermatologista para saber o que mais se adequa a cada caso.