Nem é preciso acompanhar tão de perto as descobertas da ciência para já ter ouvido falar da nanotecnologia – definida como o entendimento e o controle da matéria em nanoescala – ou seja, em escala atômica e molecular.
Hoje, aplicado em diversas áreas – da computação à engenharia –, esse avanço também tem trazido contribuições para a medicina e agora chega até a indústria cosmética, onde atua utilizando pequenas partículas que contêm princípios ativos capazes, segundo prometem os fabricantes, de penetrar nas camadas mais profundas da pele, potencializando os efeitos.
A Profª. Dra. Sandra Maria W. Zanin, do Laboratório de Farmacotécnica da Universidade Federal do Paraná, esclarece que a nanotecnologia voltada para a cosmética tem como foco produtos destinados à aplicação na pele do rosto e do corpo, com maior prevalência em produtos de ação antienvelhecimento e fotoprotetores.
Já conhecidos como nanocosméticos, essas versões apresentam uma formulação que veicula ativos – ou outros ingredientes nanoestruturados, como pigmentos – que os permitem apresentar propriedades “superiores quanto a sua performance em comparação com produtos convencionais”, como define a professora.
Essas nanopartículas já são uma realidade hoje em xampus, condicionadores, cremes antirrugas e anticelulites, clareadores de pele, hidratantes, desodorantes, sabonetes e fotoprotetores – sem contar maquiagens (como pós faciais e esmaltes) e perfumes.
Ainda de acordo com a professora Sandra, a chegada da nanotecnologia na cosmética faz parte da ênfase dada hoje aos dermocosméticos, que oferecem uma ação diferenciada. O que se espera, em termos gerais, é uma ação mais eficaz em rugas e preenchimentos, pela penetração mais profunda das partículas na pele.
Nas prateleiras
A real eficácia da nanotecnologia usada em cosméticos ainda não é um consenso na comunidade científica. Mas muitas marcas já passaram a investir na novidade a fim de criar diferenciais para produtos que já fazem parte do nosso nécessaire. Procure nos rótulos a informação sobre a presença de nanopartículas na fórmula.
Reunimos alguns produtos de beleza e maquiagem que já se encaixam na “categoria” de nanocosméticos. Mas lembre-se sempre de consultar o médico dermatologista para se certificar quanto ao melhor uso para cada caso e tipo de pele.
Cremes e séruns – São produtos que já contém substâncias como vitamina C e ácido hialurônico. A novidade é que, em versões nano, eles ganham em potência, transportando essas substâncias através da pele, fazendo-as atingir pontos específicos de uma célula. Saiba mais sobre cremes e séruns aqui.
Hidratantes – Aqui, as nanopartículas também conseguem maior permeação, já que são melhor absorvidas pela pele.
Protetores – Existem dois elementos químicos que podem ser adicionadas ao protetor solar: o dióxido de titânio (TiO2) e o óxido de zinco (ZnO). Em versões nano, eles não só mantêm sua capacidade de proteção contra raios UV, como também absorvem e dispersam a luz visível, tornando- se transparente na pele.
Esmaltes – A nanotecnologia chega para garantir maior brilho, cor intensa e durabilidade. Mas há outro ganho: a capacidade de tratar as unhas enquanto as colorem. Essa tecnologia permite que os nutrientes permeiem a cutícula, proporcionando também a hidratação e a fortificação, e diminuindo descamações e quebras.
Pós faciais – A aplicação da nanotecnologia serve aqui para evitar reações alérgicas, dada a nanoestrutura dos pigmentos – que, segundo especialistas, são os responsáveis pelas irritações, e não as substâncias ativas.
Tinturas para cabelo – Deve ser a próxima grande aposta da indústria cosmética na nanotecnologia. Para colorir, esses produtos precisam quebrar a queratina dos fios, penetrando neles para que o pigmento seja incorporado. Com essa tecnologia, a promessa é que nanopartículas com pigmentos realizem esse processo sem danificar os cabelos.